Linda Brasil participa de audiência pública sobre “Visibilidade Lésbica”

por Laila Batista, Assessoria de Imprensa da Parlamentar — publicado 05/09/2022 15h55, última modificação 06/09/2022 09h51
Linda Brasil participa de audiência pública sobre “Visibilidade Lésbica”

Foto: Agência Câmara

Na última sexta-feira, 2, a vereadora Linda Brasil participou da audiência pública, com o tema “Visibilidade Lésbica”. A atividade também marcou o dia de luta para a comunidade LGBTQIA+, que é celebrado dia 29 de agosto e foi criado em 1996, no Seminário Nacional de Lésbicas, com o objetivo de combater à lesbofobia. A audiência trouxe a importância de discutir políticas públicas para a população lésbica de Aracaju.

Linda Brasil secretariou a audiência, que foi proposta pela vereadora Ângela Melo. A mesa foi composta por Ilma Moreira (Presidenta do Grupo de Mulheres Lésbicas de Sergipe - Athena), Marcela Carvalho (Projeto Remonta), Alessandra Tavares (advogada e integrante do Coletivo Mães pela Diversidade) e Lidiane de Melo (psicóloga e coordenadora do Crepop). A atividade reuniu diversas organizações como a Transunides, CasAmor, Astra, Coletivo Mães pela Diversidade e tantas outras.

Ilma iniciou sua fala colocando a importância de quebrar estereótipos como os que são designados às mulheres lésbicas. A ativista acrescentou a importância da família no apoio e na luta por direitos. “O maior medo das nossas mães é que nos rejeitem. Com o apoio da família, tudo é diferente. Outra coisa, estamos falando do Dia da Visibilidade Lésbica, e cadê elas?”.

A representante da Athena fala que essa invisibilidade também parte do medo e insegurança de se aceitar e se acolher do jeito que se é. “Não é fácil nos aceitarmos, nós sabemos o que iremos enfrentar. Quando é negra, gorda, pobre é muito pior”, completa.

A militante ressaltou que é necessário ter um olhar específico para a saúde da mulher lésbica, que é diferente de uma heterossexual.

Marcela Carvalho, psicóloga e uma das idealizadoras do Projeto Remonta, narrou parte de sua trajetória com a intolerância quando assumiu sua orientação sexual. Diversas formas de violência, desde a cometida por familiares até violência institucional ao buscar proteção. Ela colocou que é necessário que as/os profissionais precisam ter sensibilidade ao acompanhar a população lésbica, principalmente considerando as vulnerabilidades pelas múltiplas formas de opressão.

“Já pararam para pensar que comida no prato é questão de saúde mental? Uma educação de qualidade, emprego, renda e acesso à moradia é questão de saúde mental. Não é possível ter saúde mental em um sistema que nos adoece, não é possível ter saúde mental em um sistema que nos empurra para a margem e nos invisibiliza”, refletiu.

Lili Drapala, ativista, falou sobre os desafios de organizar as pautas e lutas das mulheres lésbicas. “Aqui estamos para romper silêncios e mordaças, abaixo qualquer lei que nos amordace. Audre Lorde em seu livro as irmãs outsiders. Ela que era uma mulher negra, mãe, lésbica só nos demonstra a singularidade das vivências, ou as interseccionalidades”, destacou.

A vereadora Linda Brasil pontuou que é importante mudar a fotografia legislativa do país para garantir que mais políticas públicas para segmentos historicamente marginalizados sejam garantidas, uma vez que o parlamento ainda é majoritariamente masculino, heteronormativo e branco.

“Esse fazer político que foi estruturado a base da colonização, do coronelismo, da opressão, da dominação, principalmente dos europeus, brancos, fugitivos de Portugal que vieram que tiveram direito às terras, então para que essa cultura mude precisamos ocupar esses espaços de poder. Cada vez mais mulheres Lgbt’s, população negra, mas consciente desse papel transformador, dessas estruturas, dessas instituições que foram alicerçadas à base de tanta Lgbtqia+fobia e outras opressões”, destacou.

Na ocasião, a parlamentar falou sobre o PL de sua autoria que previa a inclusão de famílias transcentradas, no enfrentamento à violência obstétrica, e que foi rejeitado em plenário por parte de alguns parlamentares, alegando que apenas mulheres cis teriam condição de engravidar e, portanto, ter essa proteção da lei.

“Nós que rompemos essas caixas não vamos aceitar discursos moralistas, dogmáticos e reacionários. Eu acredito que ações como essas mudam essa realidade. Desconstruir os estigmas e estereótipos que têm sobre nós LGBT’s, e fortalecer as lutas para afirmar que não iremos nos silenciar e aceitar essas violências. Temos que denunciar e não naturalizar esse comportamento”, explanou.