Combate à LGBTQIA+fobia é tema de Sessão Especial

por Laila Oliveira, Assessoria de Imprensa da parlamentar — publicado 10/05/2022 10h37, última modificação 10/05/2022 10h37
Combate à LGBTQIA+fobia é tema de Sessão Especial

Foto: Assessoria da parlamentar

Em alusão ao 17 de maio, data de luta e celebração nacional e internacional de combate à LGBTQIA+fobia, a mandata da vereadora Linda Brasil (PSOL) realizou Sessão Especial para tratar do tema. Compuseram a mesa a vereadora Ângela Melo (PT), o defensor público Sérgio Barreto, a psicóloga e organizadora e fundadora da clínica Remonta, Marcela Carvalho, o delegado e ativista Mário Leony e o ativista Pheterson Madson, do Centro de Referência em Direitos Humanos LGBT+/SSP.
Na ocasião, diversos movimentos sociais estiveram presentes, como a Transunides, ANTRA, CasAmor, Coletivo Mães Pela Diversidade, Amosertrans, representantes da Diretoria de Direitos Humanos de São Cristóvão. A psicóloga Marcela Carvalho falou sobre sua luta e trajetória na militância e a importância de se abordar a luta LGBTQIA+ na Câmara Municipal de Aracaju.
Pheterson foi à tribuna, onde se colocou como homens trans negro, pansexual, e que vivenciou diversas barreiras ao longo da sua vida, trouxe a importância da população lgbtqia+ ter referências na sociedade para alcançar os espaços.
“Quando nós temos pai e mãe que nos acolhe, nos direcionando, tudo muda. Eu, como uma pessoa trans, tenho limitações, não colocadas por mim, mas pela sociedade. Linda é prova viva de que podemos chegar em qualquer lugar,. Com luta, eu vejo, a cada dia, mais pessoas indo para a militância, é uma mudança de rota. Nós precisamos de referências trans e lgbt's nos espaços. Eu queria dizer que a morte que chega a nós é o último estágio, porque ao longo da vida passamos por vários espaços de exclusão e discriminação. Para combater isso devemos ir à luta”, enfatizou Pheterson.
O ativista e delegado Mário Leony saudou as/os presentes, e o militante histórico Wellington, fundador do Dialogay. Ressaltou a importância da atividade diante do momento em que estamos vivendo de retrocessos de direitos no desgoverno Bolsonaro.
“Essa data é importante para que possamos nos entender plenamente como sujeitos de direitos. A homossexualidade foi criminalizada, diversas pessoas lgbt's foram torturadas no período da ditadura, nossos corpos eram criminalizados, como ainda hoje mais de 70 países, fundamentalistas religiosos, criminalizam nossos irmãos lgbt's, condenados à prisão e mortos. Aqui, no Brasil, somos nós os campeões de assassinatos às pessoas lgbt's”, relatou.
Ele acrescentou que é preciso que haja controle social, que as entidades possam participar dos conselhos, avaliar as políticas públicas e contribuir na formulação. Mário aproveitou para cobrar que o Ambulatório Trans seja implementado em Aracaju, porque é uma pauta urgente e histórica do movimento.
Alessandra Farias do Coletivo Mães Pela Diversidade, observou que é importante que haja o envolvimento de mais representações políticas, que só dessa forma é possível que haja uma mudança na formulação de legislação e políticas públicas. Reforçou a importância do acolhimento familiar para que as pessoas lgbtqia+ tenham mais segurança em sua trajetória.
A parlamentar Linda Brasil refletiu como é importante esperançar na trajetória de luta, e que apesar de todas as investidas de violência contra a população lgbtqia+, o amor irá vencer, também parabenizou o Coletivo Mães pela Diversidade. “Estar aqui, hoje, fazer esse movimento que vocês fazem, de conscientização e informação, faz toda a diferença! Vocês estão de parabéns!”, enfatizou.
Linda saudou Wellington da Dialogay, um dos primeiros movimentos LGBT's, desde os anos 80, e que foi referência e inspiração para todos os movimentos que se sucederam.
O jovem e ativista Lucas Moura Teixeira, do Coletivo Mães pela Diversidade, também foi à tribuna, onde pôde colocar a preocupação com a saúde mental de tantas pessoas LGBTQIA+ ficam comprometidas com o resultado das opressões diárias. Lucas falou sobre o livro organizado por ele, que divulga um conto produzido por Amani Frieden chamado “Lara”. Amani era uma jovem trans negra que morreu, precocemente, e foi companheira dele e ativista do movimento. Linda Brasil agradeceu a fala e acrescentou que “Amani representava arte, cantava, dançava, fazia teatro. Essa homenagem é muito importante”, destacou.
A presidenta da TransUnides, Brunna Nunes, também foi à tribuna falar sobre as lutas e dificuldades no alcance aos direitos da população LGBTQIA+. “Ainda é muito triste que poucas/os parlamentares estejam presentes nesse momento importante. A gente luta por educação, porque somos excluídas/os da escola, lutamos por amor, que muitas vezes é negado pela família e pela sociedade. Muitos homens são educados para ver as mulheres trans como objetos, excluídas da saúde, da educação e de tantos outros direitos. Temos que celebrar, porque, a cada dia, sair da cama é difícil, é desmotivador enfrentar a transfobia diária”, colocou.
A ativista falou sobre o episódio de transfobia institucional que ela vivenciou, recentemente, ao fazer o vestibular para a Universidade Federal de Sergipe, quando seu nome social não foi respeitado dentro dos setores administrativos da universidade. “É com muita tristeza que eu compartilho isso, porque nunca imaginei passar por essa situação. Trago essa fala para trazer uma reflexão, principalmente a você que não é do movimento, que reflita antes de falar, e não deixe que nossas corpas/os sejam silenciadas/os”, completou

Linda falou como essas instituições ainda são transfóbicas, e que a iniciativa da denúncia é fundamental para a mudança de realidade. “Agradeço a todas as falas babadeiras das pessoas presentes, agradeço aos movimentos, às mulheres e homens trans presentes, a toda a assessoria”, discursou.