Câmara de Aracaju realiza evento sobre o Dia da Água e critica privatização da Deso

por Camila Farias, Agência Câmara Aracaju — publicado 22/03/2024 14h35, última modificação 08/04/2024 12h44
Câmara de Aracaju realiza evento sobre o Dia da Água e critica privatização da Deso

Foto: Gilton Rosas

Nesta sexta-feira (22/03), a Câmara de Aracaju realizou um evento para discutir o Dia Mundial da Água. Intitulado "Dia Mundial da Água: um olhar atento à importância", o evento contou com a presença de servidores, vereadores e palestrantes.

O presidente da Câmara, Ricardo Vasconcelos (Rede), utilizou a Tribuna para realizar um protesto acerca da falta de ações voltadas à preservação de mananciais, recuperação de mangues ou de nascentes. "Se formos ver, nossos mares estão cheios de plástico, os rios estão com despejo de esgoto em todas as bacias do estado de Sergipe. Tudo isso afeta a sociedade, pois em um dia como hoje, que deveríamos comemorar, ainda estamos preocupados se o Governo do Estado vai retirar o poder público da administração da água e privatizar a Deso", apontou.

Em seu discurso, Ricardo seguiu com as críticas em relação à privatização do órgão. "O estado não pode se preocupar com o lucro. Se a Deso, enquanto órgão público, ainda não conseguiu levar água a algum lugar no interior de Sergipe porque não tinha viabilidade técnica, eu duvido que uma empresa privada vai fazer isso", destacou.

O vereador Breno Garibalde (União Brasil) também utilizou a Tribuna para reforçar os problemas relacionados ao uso da água. "Em Aracaju, temos um grande problema, que é a nossa rede de esgoto e de drenagem, nossos rios da capital estão muito afetados. Não é possível continuar com um modelo que canaliza toda a drenagem da cidade e despeja no rio. Assim, infelizmente, poluímos o Rio Sergipe e o Rio Poxim. Muitas pessoas não têm acesso ao tratamento de esgoto. Precisamos de obras de saneamento em nossa cidade", ressaltou.


Presidente do Sindisan também participa do evento e protesta contra a privatização

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Sergipe – SINDISAN, Silvio Sá, explicou que "o governador vem usando a palavra concessão, mas isso representa privatização. Uma empresa privada vai comprar água da Deso e revender para a população. Isso é ter interesse no lucro. Outros locais que já fizeram isso como Maceió e Rio de Janeiro tiveram resultados pífios. O valor ficará mais caro, isso é uma certeza, mas ainda há tempo de reverter. Água não pode ser transformada em mercadoria".

O presidente da Casa, Ricardo Vasconcelos (Rede), destacou que a Câmara não é conivente com a privatização e que os vereadores têm se manifestado. "Vamos respeitar nossa instituição. Estamos com a consciência tranquila de seguir manifestando nossa opinião contrária à privatização da DESO", finalizou.

Palestrantes explicam sobre a importância da preservação dos recursos hídricos

Durante o evento, a Câmara de Aracaju recebeu 03 palestrantes para discutir sobre o Dia Mundial da Água. Segundo Samir Souza, que é especialista em gestão ambiental e secretário municipal do meio ambiente de Nossa Senhora do Socorro, "a nossa ideia de organização em sociedade surge a partir da dependência pela água. Sem a água não conseguimos desenvolver nada, nenhum aspecto produtivo. Por isso, se não houver cuidado, não haverá existência humana", destacou.

Luiz Carlos, que é Coordenador de Recursos Hídricos da Deso, destacou que as consequências climáticas são fruto de ações humanas. Ainda, ele explicou que o estado de Sergipe é pobre em água e conta com má distribuição. "O que fazemos como técnicos para tentar conseguir atender o Estado é quase um milagre. Trazemos água do rio São Francisco para Aracaju, são quase 100 quilômetros e uma operação muito difícil. Além disso, nosso estado é refém desse rio, já que vários municípios são abastecidos por ele. Será que temos uma solução para isso? Apesar de ser complexa, o início diz respeito a um consumo consciente e conhecimento da causa. Precisamos pensar nas próximas gerações", explicou.

O coordenador de educação ambiental da DESO, José Jorge Silva, tratou sobre os objetivos do desenvolvimento sustentável e estratégias para a mudança. "Em 2015, surgem esses objetivos interconectados ligados ao desenvolvimento sustentável. Não estamos vetados de utilizar os recursos, mas devemos utilizá-los a partir de uma ideia consciente. Por isso, é fundamental reduzir o consumo de energia, realizar a reciclagem de resíduos, conservar os recursos naturais e ter um uso racional da água", comentou.

Já a bióloga e membra do Comite da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba e do Rio São Francisco, Rosa Cecília, destacou que não adianta falar e não ter um posicionamento de mudança na sociedade. "Além das leis, há o papel de cada um fazer sua parte, inclusive na preservação das árvores que contribuem para o cuidado com as nascentes", ressaltou.