Tribuna Livre recebe integrantes do Instituto Diabetes Brasil

por Gleydy Matos e Ivo Jeremais - Agência CMA — publicado 16/04/2024 12h46, última modificação 16/04/2024 12h46
Na ocasião, foram debatidos os desafios enfrentados pelos portadores de Diabetes tipo 1
Tribuna Livre recebe integrantes do Instituto Diabetes Brasil

Foto: Gilton Rosas

Na manhã desta terça-feira, 16, o espaço Tribuna Livre da Câmara Municipal de Aracaju (CMA) recebeu integrantes do Instituto Diabetes Brasil (IDB). Representando a instituição, José Candido Garcez da Rocha foi à Tribuna e abordou o tema: "A comunidade de pessoas com Diabetes tipo 1 e os desafios de um tratamento adequado”.

Na oportunidade, por meio de um vídeo exibido no plenário, foi mostrado um histórico na evolução no tratamento do DM1, termo que se refere à diabetes mellitus tipo 1. Em seu discurso, José Candido detalhou aos vereadores o perfil e ocorrência da doença.

"Estou aqui para falar de um tema muitas vezes desconhecido, o Diabetes tipo 1. Não é que surge por questões hereditárias, sedentarismo ou obesidade; estou falando da diabetes autoimune, muitas vezes chamada de diabetes juvenil ou infantil. Essa doença é desencadeada por motivos que a ciência ainda não comprova. De repente, a criança para de produzir insulina e passa a depender 100% de insulina externa. Ela passa a receber mensalmente pelo menos 250 picadas de injeção para receber insulina”, declarou José Candido.

O representante do IDB também tratou de questões relacionadas às políticas públicas de saúde e alertou para a baixa expectativa de vida no Brasil de pessoas que vivem com a DM1. De acordo com José Candido, os modelos atuais  de tratamentos ofertados aos pacientes influenciam no surgimento de patologias paralelas a diabetes.

“Qual é hoje o grande problema enfrentado pelo diabético do tipo 1 no Brasil? É a perda da chance de ter uma vida saudável de forma prolongada. Três de cada dez crianças diagnosticadas desenvolvem a primeira comorbidade até o quinto ano do diagnóstico. A expectativa de vida do diabético tipo 1 no Brasil é de 54 anos , enquanto na Europa é de 73 anos. Precisamos mudar o paradigma do tratamento do DM1, sair do convencional que protela à comorbidade para um tratamento com tecnologia que evita comorbidades. Isso acontece com a adoção de insulinas mais modernas e uso de tecnologias como bombas e o sensor continuo de glicemia, disse. “Para conseguir esse controle diabético, essa criança precisa de um tratamento extremamente agressivo, forte, mas necessário para manter a questão vital. Caso não, em pouco tempo, ela pode desenvolver retinopatia diabética, que leva à cegueira, problemas renais crônicas, que levam hemodiálise, problemas cardíacos, amputações e até a morte. Na segunda-feira passada,  nós perdemos uma garota de 14 anos no município de Paripiranga por Cetoacidose diabética por falta de um tratamento adequado e de um atendimento adequado”, disse.


Diabetes Tipo 1

O Diabetes tipo 1 é uma condição de saúde crônica que afeta milhões de pessoas em nosso país, demandando atenção especial e políticas públicas que garantam o acesso a um tratamento adequado e digno. Nesse contexto, é fundamental promover um diálogo aberto e esclarecedor sobre as necessidades e desafios enfrentados por essa comunidade, bem como discutir possíveis soluções e medidas para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

Apartes

O vereador Elber Batalha (PSB) foi o primeiro a comentar a fala de José Candido. "É necessário mudar a cultura política da gestão e mudar também o raciocínio do Tribunal de Justiça de Sergipe sobre essa causa. O juízes têm sido, em sua grande maioria, frios de maneira exacerbada, ao entender que isso se trata de um medicamento, e por se tratar de um medicamento o plano de saúde não tem obrigação de arcar com paciente não internado, mas é necessário dizer que isso é um equipamento indispensável à vida dessas pessoas. Convido  a todos os colegas, independentemente de agremiação partidária, para conscientizarmos o tribunal de justiça, o prefeito de Aracaju, o governador do Estado e qualquer autoridade que possa contribuir com a causa. Isso é salvar vidas", pontuou Elber. 

Em seguida, Sheyla Galba (União Brasil) disse que acompanha de perto o drama de vários pacientes com diabetes. "A gente fica sem chão quando eles vão no Case atrás de insulina e está em falta, isso acontece com frequência. A gente chama atenção do poder público do estado de Sergipe e também do munícipio de Aracaju, desde a semana passada, pois  nós estamos acompanhando o drama de pacientes com Diabetes, a gente sabe da importância desses medicamentos que estão em falta, não é apenas um remédio, é um tratamento para pessoa ter qualidade de vida. Então a gente pede para os gestores do estado e do municipio de Aracaju que olhem para essas pessoas que estão doentes", enfatizou a vereadora. 

Finalizando os apartes, Sonia Meire (Psol) afirmou que não existe política de medicina preventiva. "Nós não temos uma política de medicina preventiva, é de medicina curativa e de baixo nível de intensidade, até porque, não há a dispensação de medicamentos básicos para manter as pessoas com vida. É preciso também que o SUS compreenda a importância de colocar na conta esse equipamento, porque ele é preventivo", afirmou Sonia.