Tribuna Livre da Câmara de Aracaju discute impactos das mudanças no trânsito do Bugio
Nesta terça-feira (25/11), a Câmara Municipal de Aracaju recebeu, na Tribuna Livre, o presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública do Bugio e Jardim Centenário, Ailton Figueirôa, que expôs as dificuldades enfrentadas pelos moradores após alterações feitas pela Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) no bairro. Representando certa de 30 mil moradores da região, a principal reclamação envolve a mudança de sentido da Avenida Poço do Mero, que antes era uma via de mão dupla e passou a ser mão única.
Para iniciar seu pronunciamento, Ailton destacou que enviou ofícios à Prefeitura de Aracaju nos dias 31 de outubro e 10 de novembro, solicitando respostas sobre os problemas e pedindo uma audiência pública no Bugio, em horário acessível aos moradores, mas não obteve resposta. Ao descrever os impactos das mudanças, Ailton lembrou que o Bugio tem 41 anos e que a Avenida Poço do Mero sempre funcionou como uma via de mão dupla, conectando todas as etapas do bairro. A mudança repentina teria desestruturado a mobilidade local:
“Imagine: desde sempre essa avenida foi mão dupla, você podia ir para os dois lados. Mas repentinamente se transformou em mão única, limitando o ir e vir da população. Veja o problema que se colocou dentro da comunidade”, ressaltou.
Além de dificultar o acesso interno, a alteração também afetou o transporte público. Segundo Ailton, moradores estão desorientados com o novo trajeto dos ônibus, causando atrasos e incertezas sobre onde embarcar. Ele também revelou que motoristas de aplicativo têm evitado atender corridas na região devido à confusão no tráfego. “Motoristas de aplicativo estão mandando mensagens dizendo que não aceitam corridas para o Bugio porque está muito difícil transitar lá dentro. Se estivesse bom, a população não estaria reclamando”.
Outro ponto sensível levantado foi o longo percurso que muitos moradores passaram a fazer a pé para alcançar pontos de ônibus. Ailton citou relatos de pessoas que caminham até 2 quilômetros, classificando a situação como “uma vergonha”.
Ele concluiu pedindo apoio dos vereadores e solicitando um “voto de confiança” em nome da comunidade do Bugio, que, segundo ele, está “ilhada” e precisando de uma resposta firme do poder público.
O que disseram os vereadores
O vereador Lúcio Flávio (PL) afirmou ter visitado o bairro e reconhecido a gravidade da intervenção, ressaltando que mudanças bruscas afetam a rotina de uma comunidade consolidada há mais de quatro décadas. Ele informou que pediu ao superintendente da SMTT, Nelson Felipe, que solicite ao BID, órgão financiador do projeto, a revisão da alteração para possibilitar o retorno da mão dupla.
Já Elber Batalha (PSB) criticou a condução da mudança viária pela gestão municipal e defendeu que a Câmara realize uma audiência pública no Bugio para ouvir diretamente os moradores. “Diversas pessoas moram e trabalham dentro do Bugio. E essa falta de mobilidade prejudica o cotidiano da população”, afirmou. Fábio Meireles (PDT), morador da região, reforçou que parte da comunidade está ilhada e defendeu a reversão da mudança: “Vai ter que voltar ao que era antes, para que as pessoas voltem a ter acesso facilitado a suas casas e ao comércio local”.
Outros parlamentares também se solidarizaram com a comunidade. Binho (Podemos) ressaltou a importância de a população encontrar apoio na Casa Legislativa. “Sua vinda aqui nos mostra que estamos no caminho certo. Parabéns por trazer essa reivindicação para esta Casa, que é plural. Nós vamos buscar melhorias com os órgãos responsáveis, ouvindo a população do Bugio”, ressaltou.
Selma França (PSD) lembrou que a Câmara atua de forma apartidária em defesa de todas as comunidades. “Nós fomos eleitos e vamos lutar por todas as comunidades. Tenho certeza que você deve ter recebido muitas mensagens reclamando dessa problemática. Estamos aqui para trabalhar pelo bem da comunidade do Bugio e de toda Aracaju”, afirmou.
Bigode do Santa Maria (PSD) reconheceu o impacto das mudanças e elogiou o empenho de Ailton em representar os moradores. “Sempre defendo que as comunidades precisam ter um representante legal, como você. Você se preocupa de verdade com aquele povo. Seja sempre bem-vindo aqui”, disse.
O vereador Maurício Maravilha (União Brasil) pontuou que a problemática já constava no projeto original da obra e garantiu que o Legislativo estará ao lado dos órgãos competentes para buscar alternativas. Já Alex Melo (PRD) enalteceu a participação popular e disse acreditar que a prefeita Emília Corrêa buscará uma solução rápida para o impasse.
Finalizando as manifestações, Pastor Diego (União Brasil), vice-presidente da Câmara de Aracaju, relatou que também recebe reclamações de fiéis da Igreja Quadrangular no Bugio, devido às dificuldades de mobilidade. Ele reforçou a importância da realização de uma audiência pública com a presença da SMTT: “Vamos lutar para que o povo do Bugio tenha uma mobilidade eficiente”.