Setor de Promoção Social da Câmara Municipal de Aracaju realiza evento alusivo à campanha Setembro Amarelo
Foto: China Tom
O Setor de Promoção Social da Câmara Municipal de Aracaju (CMA) realizou, nesta segunda-feira, 22, o evento “Setembro Amarelo – Juntos pela Vida”, em alusão à campanha nacional de prevenção ao suicídio.
A mesa foi composta pelas psicólogas Isis Caroline Pinheiro de Mendonça e Marília Sousa Leão Menezes; pelo voluntário e porta-voz do Centro de Valorização da Vida (CVV), Cayo Castilhano; pelo major Emerson Ferreira da Costa Júnior, representante do Corpo de Bombeiros; e por Patrícia Matos, coordenadora do setor de Promoção Social da Câmara Municipal de Aracaju.
Patrícia Matos abriu o evento destacando a relevância da campanha: “Esse projeto é voltado para conscientização da vida, a vida importa, vale a pena, sempre é possível buscar ajudar. Estamos no mês em que esse assunto é muito discutido; é preciso chamar muita atenção para essa causa, se faz cada vez mais necessário falar sobre esse assunto".
O voluntário e porta-voz do Centro de Valorização a Vida, o CVV, Cayo Castilhano, explicou o trabalho realizado pela instituição: “O CVV é um serviço de apoio emocional e prevenção ao suicídio. Esse serviço funciona todos os dias da semana, inclusive aos sábados e domingos. Ele pode ser acessado através do número 188. Aqui em Sergipe temos 45 voluntários e em todo o brasil temos cerca de 3 mil voluntários. Para além do combate ao suicídio, prestamos um serviço de apoio emocional, quem se sente triste, angustiado pode ligar para o CVV. A ligação pode ser anônima, não precisa dizer o nome. Nós temos um espaço seguro, que é aquele em que existe a garantia de manter o sigilo, tudo que for contado e dito naquela ligação ficará ali. É um serviço que tem o reconhecimento da sociedade. No ano de 2024 foram 2 milhões de atendimento em todo país. Por aí conseguimos medir a importância do trabalho realizado pelo CVV”.
Na sequência, a psicóloga Marília Sousa Leão Menezes, especialista em psicologia hospitalar, proferiu a palestra “Saúde mental no serviço público: o papel do legislativo na prevenção e no cuidado”. Ela frisou que a Câmara tem esse papel de criar políticas públicas que venham ao encontro das campanhas de conscientização sobre saúde mental.
"Não é fácil falar sobre o assunto. Essa campanha surgiu a partir do suicídio de um jovem norte americano, que aparentemente era um jovem feliz. Então, quando ele tirou a própria vida, a família e amigos ficaram surpresos. Esse tema de saúde mental não está restrito aos consultórios, aqui nessa Casa, políticas públicas podem ajudar a proteger e cuidar as pessoas”.
A profissional também abordou alguns mitos que cercam o assunto e reforçou que é preciso desmistificá-los. "Quantas vezes já escutamos frases como ‘quem fala não faz’, ‘é falta de Deus’, ‘é frescura’, ‘é besteira’. Precisamos pensar que o sofrimento psíquico é real, é uma condição humana, envolve fatores biológicos e sociais. Ninguém escolhe ter um sofrimento tão insuportável que a única solução possa ser a morte. Pensar que é uma fraqueza é muito simplório. Um tratamento especializado, uma escuta qualificada é fundamental. É preciso falar sobre o assunto para abrir portas para o diálogo e mostrar que existe uma ajuda. O que mata é o silencio, é não abordar ou tocar no assunto", afirmou a psicóloga.
"A prevenção ao suicídio passa por derrubar mitos e por ações. Criando leis e de acolhimento às pessoas no dia a dia. Isso vai muito além de uma campanha pontual. É um trabalho diário de construção de laços e uma cultura de cuidados", complementou.
Em seguida, foi a vez da psicóloga Isis Caroline Pinheiro de Mendonça, especialista em terapia positiva e cognitiva comportamental fazer uso da palavra. Com o tema os ‘9 caminhos da personalidade para uma mente mais saudável’, a profissional traçou diferentes espectros de personalidade e padrões associados a eles.
"Todos nós temos necessidades emocionais: segurança, amor e valorização. Alguns mais do que outros, mas todos nós temos essas 3 necessidades básicas. E as emoções básicas: raiva, medo, alegrias e aversão. Em algumas pessoas, algumas delas são mais fortes. E essa que sentimos com mais frequência esconde as nossas feridas e são essas feridas que precisamos olhar. E é difícil olhar para essas feridas". Quando a gente sente falta dessas coisas em nossas vidas, é a partir daí que começam a se formar as feridas e todos nós temos um pouquinho dessas feridas”, afirmou.
“Elas nascem das necessidades de amor, da segurança e valorização. Nós protegemos essas feridas arduamente com nossa personalidade, que é o escudo que criamos para lidar com elas. Têm escudos que são saudáveis, que conseguimos lidar com destreza. Mas têm outros que são extremamente rígidos, que escondem quem nós somos. É aí que surge o grande risco, que causa a dor mental e leva ao suicídio. Se você vive fugindo daquela ferida, você vai adoecer. O medo vai aumentado tendo origem em nosso inconsciente, na nossa infância e nas experiências que vivenciamos".
A psicóloga Jéssica Ávila, especialista na área de psicologia organizacional, destacou o papel da campanha ‘Setembro Amarelo” e sobre o surgimento dela. Segundo a profissional, a primeira medida preventiva de combate ao suicídio é a educação. É preciso deixar de ter medo de falar sobre o assunto, derrubar tabus e compartilhar Informações ligados ao tema”, declarou.
"A campanha começou em 1994 após o jovem Mike Emme de 17 anos tirar a própria vida. Ele estava reformando um Mustang Amarelo e foi encontrado morto dentro desse veículo. No dia do velório, os pais deles entregaram bilhetes em papel amarelo com a frase: ‘se você precisar, peça ajuda’. Em 2003 a Organização Mundial de Saúde instituiu o 10 de setembro para ser o dia mundial de prevenção ao suicídio. Hoje conquistamos lugares mais amplos para fazer essa campanha. Temos vários apoios inclusive de artistas com depoimentos próprios. Isso ajuda a população a se conscientizar".
Próximas ações
No dia 24, a ação terá continuidade na Escola do Legislativo Neuzice Barreto de Lima, localizada na rua Itabaiana, nº 174, no Centro. A iniciativa promoverá debates com profissionais da área da saúde mental para levar conhecimento sobre o tema aos servidores da Casa Legislativa. A ideia é criar um espaço de escuta, acolhimento e orientação.