Iran faz análise da conjuntura em Encontro Estadual da ASA/SE

por George W. Silva, Assessoria de Imprensa do parlamentar — publicado 25/05/2018 10h20, última modificação 26/05/2018 02h13
Iran faz análise da conjuntura em Encontro Estadual da ASA/SE

Foto: Assessoria do parlamentar

Na manhã de ontem, quinta-feira, 24, o vereador e professor Iran Barbosa (PT) participou, como palestrante, do Encontro Estadual da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) de Sergipe, realizado no Centro de Treinamento Sindical Rural, em São Cristóvão. O parlamentar fez uma análise da conjuntura, dividindo a mesa com o arcebispo metropolitano de Aracaju, Dom João José Costa; a secretária de Estado da Agricultura, Rose Rodrigues; a dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Rafaela Alves; e o coordenador da ASA/SE, João Alexandre Neto. 

Em sua fala, Iran Barbosa destacou o grave momento político e econômico do país, usando o slogan do Palácio do Planalto para sintetizar os dois anos do governo golpista de Michel Temer, do (P)MDB: O Brasil voltou, 20 anos em 2. “De fato, é a frase ideal para resumir o que foram esses dois últimos anos deste governo golpista, com tantos retrocessos, com tantos direitos retirados da população, com o crescimento pífio do PIB e, agora, com essa crise dos combustíveis. É um governo de retrocessos, principalmente para os trabalhadores da Cidade e do campo e para o povo mais pobre do nosso país”, resumiu.

O parlamentar abordou quatro questões que considera fundamentais para entender o atual quadro social, político e econômico vivido pelos brasileiros. Para ele, a descaracterização da política, a descaracterização da Justiça, a naturalização da violência e o processo de desumanização são elementos a serem considerados para entender a atual conjuntura nacional. “A construção do discurso cínico de que a política não resolve mais os problemas da sociedade e que todos os políticos não prestam tem sido algo muito bem elaborado, com a ajuda da grande mídia e até mesmo de partidos da direita, e tem um grande objetivo: idiotizar as pessoas. Porque é fato que não existe ainda outro caminho para resolver os problemas da 'pólis' que não através da política. Chegamos ao absurdo de ver políticos se elegeram com o discurso de que não são políticos. Esse processo de despolitização beneficia exatamente aqueles que usam da política para outros fins, que não o de resolver os problemas da coletividade”, ressaltou o parlamentar e professor.

Justiça

Sobre a descaracterização da Justiça, Iran lembrou que o ideal perseguido pela sociedade é o do Judiciário como um poder garantidor do Direito. No entanto, historicamente, este poder, no Brasil, tem sempre se caracterizado como um espaço de manutenção do status quo e de favorecimento dos interesses das elites e do grande capital em detrimento dos mais pobres e da coletividade. “E agora, mais do que nunca, isso fica evidenciado. No lugar de ver a Justiça cumprir a sua tarefa de garantidora do Direito, o que vemos é a Justiça virar um grande espetáculo, também com uma forte ajuda da mídia, onde juízes viram heróis togados, definindo em suas sentenças os papéis de quem são os mocinhos e quem são os bandidos, ao sabor dos interesses políticos e econômicos”, analisou.

“E, é claro, ao juízo deles, os bandidos passam a ser todos aqueles que lutam contra esse modelo que aí está; criminalizam a esquerda, as organizações sindicais e sociais, os sem-terra, os sem-teto, os negros, os pobres”, completou.

Violência

Iran Barbosa destacou que, cada vez mais, o processo de naturalização da violência se intensifica na teia social brasileira. Para ele, tem havido um estímulo irresponsável, em especial, pelos meios de comunicação e pelas redes sociais, ao avanço da barbárie. “É impressionante ver como veículos de comunicação, de forma tosca, naturalizam a violência de tal forma que a vida dos pobres e dos que vivem nas periferias, por exemplo, passa a não ter valor algum. Essa naturalização contamina também as redes sociais, onde as pessoas se sentem cada vez mais autorizadas a praticar agressões verbais de toda ordem. Além disso, há uma construção gradual de justificação da violência e do discurso de que armar a sociedade vai resolver os problemas da violência. Não vai e nós sabemos muito bem disso”, enfatizou.

Vazios

Por fim, o parlamentar e professor abordou o processo de desumanização crescente na sociedade. Para ele, fruto, em grande parte, do afastamento das pessoas dos seus processos de vivência coletiva, de percepção de valores mais simples e humanos, e de construção de um pensar mais autônomo e construtivo.

“Vivemos uma época em que os meios de comunicação e as redes sociais vendem as ideias prontas e as emoções são substituídas pela ideia de alcançar o êxtase e o sucesso através do consumo e da visibilidade. As emoções passam a ser mercadorias. Neste sentido, viramos uma sociedade de frustrados, porque esse êxtase, assim como determinados produtos, nem todo mundo pode alcançar e isso acaba gerando um grande vazio”, disse.

“E como resultado dessa frustração, é cada vez maior o número de jovens que se suicidam ou tentam o suicídio. Infelizmente, estamos produzindo uma sociedade de pessoas vazias de sentimentos, uma sociedade de suicidas. São coisas que devem nos incomodar e nos levar a fazer reflexões profundas, a fim de que busquemos caminhos para enfrentar esse modelo de sociedade excludente, vazia de emoções e excessivamente desumanizada”, concluiu Iran Barbosa.