CMA realiza Sessão Especial em comemoração a Semana Municipal da Capoeira
A Câmara Municipal de Aracaju (CMA) realizou na manhã desta segunda-feira (14), uma Sessão Especial em comemoração a Semana Municipal da Capoeira. A solenidade foi um requerimento do presidente da Casa, Nitinho Vitale (PSD) e, em Aracaju, dia 17 de Março é o Dia Municipal da Capoeira.
Estiveram presentes na Sessão Especial, os vereadores vereador Binho (PMN) e Sargento Byron (Republicanos), o representante do Grupo União Capoeira, o Mestre Preto Velho (Lázaro Bispo dos Santos), do Grupo Asoarnart, Mestre São Bento Pequeno (Elias Santos), do Grupo Equilíbrio, Mestre Gavião Branco (Waltenisson Simões Santos), do superintendente do Iphan em Sergipe, Diego Passos, além de diversos mestres e capoeiristas de Aracaju.
A Sessão Solene foi presidida pelo vereador Binho, que também é capoeirista, que destacou a forma de luta e resistência desta cultura. "Como é difícil fazer a cultura em nosso Brasil, mas a capoeira chegou em nosso país lutando e não é agora que iremos deixar de lutar. Eu nasci dentro da capoeira e conheço essa cultura de perto. Os governantes não têm esse olhar de atenção e precisa ser respeitada. Eu sei o quanto é importante valorizar essa arte. Temos capoeiristas aqui no Estado que são campeões brasileiros. Agradeço o presidente Nitinho pela oportunidade de presidir esta Sessão e as portas da Câmara estarão sempre abertas para esta cultura tão importante para o Brasil", falou.
O vereador Sargento Byron disse estar feliz em poder ter ciência sobre quantas pessoas são impactadas pelo movimento da capoeira e pede mais atenção do poder público a essa cultura. "O poder público poderia também fomentar e incentivar essa prática esportiva, cultural e de resistência. Nós, como parlamentar, temos que nos somar a esses profissionais e abnegados pela arte da capoeira. Nós temos a obrigação de fazer que a capoeira fique viva, fazendo com que as políticas públicas do município de Aracaju possam chegar até vocês", disse.
Apartes
Lázaro Bispo dos Santos, o Mestre Preto Velho, ao usar a tribuna, agradeceu a Nitinho pela oportunidade de estar na Câmara para levar a capoeira ao parlamento. "Essa semana da Capoeira não acontece só aqui no Estado de Sergipe. Agradeço a Nitinho que é nosso amigo por abrir este espaço aqui na Câmara para trazermos nossa cultura", disse.
Já Elias Santos, o Mestre São Bento Pequeno, fez um relato histórico da importância da capoeira na sociedade e na educação. "Como capoeirista e Mestre é importante saber que nossos antepassados sofreram e eu, como militar, tenho um respeito dentro da corporação. A polícia antigamente prendia quem participava das rodas, hoje não mais. Hoje temos representatividade. Dizíamos que a capoeira livre não tinha dono, mas o cenário mudou em 2008 quando a Roda de Capoeira e ofício de Mestre se torna Patrimônio Imaterial Brasileiro e cabe ao povo zelar por isso. A Unesco reconhece também a capoeira como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Existe capoeira em mais de 170 países. Impossível ter um país que não tenha capoeira, que é a maior divulgadora de nossa língua portuguesa. Nós, mestres, contribuímos para educação e cidadania do nosso povo. Difícil ter um aluno de capoeira que repete de ano ou evadem da escola porque incentivamos isso", justificou.
Waltenisson Simões Santos, o Mestre Gavião Branco, lembra quando a capoeira era proibida Brasil e enaltece a representatividade desta cultura fora do país. "No governo Getúlio Vargas a capoeira ficou conhecida como ginástica dos brasileiros e conseguimos um grande destaque a partir dessa época. O ícone do Brasil para o mundo não é o futebol, mas o berimbau. Isso nos leva a refletir como nosso povo ainda não dá valor a essa tradição. Capoeira é uma ferramenta de inclusão social que pode muito ajudar a sociedade", acredita.
Segundo o superintendente do Iphan em Sergipe, Diego Passos, a capoeira não é só esporte, ela é cultura porque leva a história de um povo e anunciou o lançamento do Plano de Salvaguarda da Capoeira em Sergipe. "Ela é cultura e isso significa inclusão do nosso brasileirismo e sergipanidade. A Roda de Capoeira foi registrada pelo IPHAN e, ao longo do tempo, temos trabalhado num Plano de Salvaguarda. Houve a participação de todos os capoeiristas do estado neste plano e, sem vocês não seria nada. Será publicado e forma física e digital todo este Plano, que será disponibilizado no site do IPHAN nacional, acredito que ainda neste primeiro semestre. A Superintendência está aberta a todos. Se faz muito importante a inclusão da capoeira das escolas municipais, com a inclusão de crianças que estão na periferia ou nas ruas", informou.