Audiência Pública de autoria de Elber celebra 25 anos do Ipaese

por Anna Paula Aquino - Assessoria de Imprensa do Parlamentar — publicado 18/09/2025 13h40, última modificação 18/09/2025 13h40
Audiência Pública de autoria de Elber celebra 25 anos do Ipaese

Foto: China Tom

A quarta-feira, 17, foi marcada por uma Audiência Pública proposta pelo vereador Elber Batalha (PSB), que reuniu sociedade civil, representantes da comunidade surda e autoridades para discutir os principais desafios enfrentados em Sergipe e celebrar os 25 anos de atuação do Instituto de Promoção e Assistência à Pessoa Surda do Estado de Sergipe (Ipaese). 

Comunidade surda 

Com o plenário lotado, a tribuna foi espaço para relatos e desabafos da comunidade surda. As experiências compartilhadas mostraram avanços em alguns aspectos, mas também revelaram grandes dificuldades em outros. 

Vilalba Pacheco, professora de Libras, fez questão de contar suas vivências aos jovens presentes. “Quero falar sobre a importância do profissional de Libras no espaço da saúde. Antes não existia comunicação dos surdos no ambiente médico, e isso sempre prejudicou a vida do surdo, já que ele pode até falecer sem conseguir ser entendido. Surdos têm todos os problemas de saúde e não podem ir sozinhos aos postos. Falta muita segurança para o surdo nessas situações”, afirmou. 

Sobre o mercado de trabalho e concursos, Taynara destacou situações que, embora tratadas como normais, trazem prejuízos. “Nas provas e seleções, percebemos que, para Libras, a gente sempre acaba em desvantagem, porque tudo é preparado apenas para ouvintes. Eu torço muito para que consigamos vagas específicas para nós, com valor e prestígio para a nossa comunidade”. 

Nem mesmo na segurança pública há preparo para atender pessoas surdas, como destacou Anísia Fernanda. “É algo muito sério. Não há intérprete nas abordagens policiais, e as pessoas se aproveitam nessas situações porque não nos entendem. Isso causa uma angústia enorme, já que não temos uma saída nem ajuda da tecnologia”. 

Ipaese 

Fundado em 1999, o Ipaese é a única instituição bilíngue para surdos em Aracaju e em Sergipe, além de ser pioneiro no Nordeste ao oferecer educação básica completa — da educação infantil ao ensino médio —, pré-vestibular, alfabetização e atividades esportivas voltadas à comunidade surda.  

Ao longo de 25 anos, consolidou-se como referência em atendimento psicossocial para surdos e familiares, beneficiando mais de 160 crianças e adolescentes. Além disso, tornou-se um espaço de apoio essencial para famílias e para toda a comunidade surda sergipana, reconhecido por seu pioneirismo e dedicação à inclusão. 

A vice-presidente e ex-aluna Alana Chagas lembrou, em discurso, como tudo começou. “O Ipaese foi fundado por pais para ajudar no desenvolvimento de alunos surdos. Hoje, são mais de 160 alunos, e acompanhamos o crescimento de todos eles. Somos gratos por tudo isso”. 

Maria de Fátima Pereira, uma das fundadoras, ressaltou que o Ipaese é motivo de orgulho. “Muitas famílias estão felizes em ver seus filhos incluídos na sociedade. Tenho certeza de que Geraldo, meu esposo, lá do céu, está vibrando com a inclusão dos surdos em todos os espaços. Que o surdo tenha independência e acesso em todos os lugares”. 

Representando a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Sergipe (OAB/SE), a advogada Nyele Rocha reafirmou o compromisso com a defesa dos direitos da comunidade surda. “Nosso papel é fazer com que a lei seja cumprida. Inclusive, pela primeira vez, a Ordem tem curso de Libras para capacitar a advocacia e os funcionários”. 

O presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Alex Ramalho, destacou a importância da audiência. “É uma audiência importantíssima. Sabemos das dificuldades que existem, principalmente quando se trata de inclusão. O Ipaese completa 25 anos de um trabalho excelente, que beneficia não só a capital, mas também o interior”. 

Luiz Carlos Silva, presidente da APCD-SE, elogiou a postura de Elber na Câmara em defesa dos deficientes e do Ipaese. “Ele faz a diferença e sabe sua missão, até na autodescrição. O instituto está de parabéns pelo brilhante trabalho com todos vocês”. 

A diretora da instituição, Dayse Xavier, usou seu pronunciamento para cobrar providências. “Precisamos realmente da Central de Libras, é uma necessidade muito grande. Em vários acontecimentos, como recentemente na entrega do Prêmio Pipiri, fomos convidados, mas não havia intérprete para surdos”, lamentou. 

Sobre os avanços, Antônio Luiz dos Santos, secretário municipal da Pessoa com Deficiência, anunciou novidades para a capital. “Vamos ter sim a Central de Libras em Aracaju, para atender às demandas mencionadas aqui. Estamos trabalhando para isso. Não fiquem em eventos sem intérprete, não aceitem mais passar por isso”, declarou. 

Elber também lembrou sua primeira visita ao Ipaese e destacou o trabalho realizado. “Lá não se ensina apenas o idioma de Libras, ensina-se matemática, física, química, todas as disciplinas no idioma de Libras. Existe um preparo dessas pessoas para a vida em sociedade, incluindo-as de forma ampla”, disse, lembrando que atualmente é presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Inclusão das Libras. 

Ainda em seu discurso, o parlamentar reforçou a necessidade de ampliar o ensino de Libras no sistema educacional. “Para que essas pessoas sejam efetivamente incluídas, é necessário que todos nós, ainda nos bancos escolares, tenhamos uma mínima noção da linguagem. É a forma de possibilitar interação e uma vida social plena”. 

Por fim, ele parabenizou o Ipaese e reafirmou seu compromisso com a comunidade. “Hoje comemoramos os 25 anos do Ipaese, celebramos o mês da pessoa surda e enfatizamos a importância da inclusão por meio da difusão do idioma de Libras para toda a sociedade.