Vereador Camilo protocola Projeto de Lei para garantir a presença de Doulas
O vereador Camilo (PT) protocolou o projeto de Lei 213.2019 na Câmara Municipal de Aracaju (CMA). O objetivo do Projeto de lei é garantir que as maternidades, estabelecimentos de saúde e hospitais, deverão permitir a presença de doulas durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós parto imediato, bem como nas consultas e exames de pré-natal, sempre que solicitadas pela parturiente.
“A humanização do parto não passa só pela condição das mulheres realizarem partos normais ou cirurgias cesárias, a humanização do parto passa pelo direito da mulher de ter a presença de uma Doula, e é isso que esse projeto de lei visa garantir”, assegura o vereador Camilo Lula.
A médica sanitarista, professora do curso de medicina da Universidade Federal de Sergipe, Priscila Batista, afirma que a presença da Doula é indispensável em um trabalho de parto. “Como médica eu posso afirmar, baseada em evidências científicas e na medicina por evidências, que a Doula exerce um papel extremamente necessário, pois a sua presença resulta na diminuição de procedimentos desnecessários como a episiotomia, na diminuição da aplicação de ocitocina sintética, a presença da doula diminui o tempo de trabalho de parto e ajuda na recuperação da mulher no pós parto”, afirma.
A médica é mãe de dois filhos e também fez a formação de doulas. E como mãe, ela analisa que a Doula tem um papel muito forte na vida da família que quem está recebendo um novo ser. “O parto é uma passagem muito forte na vida de qualquer família, e a não tem nenhum outro profissional que exerça o papel que a Doula exerce, ela não tem apropriação sobre nenhum procedimento de saúde e está ali exclusivamente para cuidar e apoiar a mulher, então se trata de uma profissional insubstituível”, avalia Priscila.
Silvia Anjos é psicóloga da maternidade Nossa Senhora de Lourdes e lá coordena um programa de formação de doulas para o acompanhamento de gestações de alto risco. Ela recebeu com felicidade a notícia de que existe a possibilidade de uma lei que garante a presença de doulas nos estabelecimentos de saúde na capital.
“Eu percebo que a presença da Doula traz uma possibilidade de que mulher volte a se empoderar do próprio corpo, aprendendo sobre todo o cuidado e acolhimento que é necessário quando a mulher vai para a o trabalho de parto. A Doula garante que a mulher tenha um parto mais humano, leve e acolhedor. A Doula traz a consciência da potencialidade do corpo feminino e do que a mulher precisa para ter um trabalho de parto mais harmonioso”, garante Silvia Anjos.
A professora do curso de dança da Universidade Federal de Sergipe, Thabata Liparotti, é mãe de duas filhas e teve os dois partos acompanhados por uma Doula. Ela explica que “o olhar sensível, sincero, carinhoso e preparado de uma Doula foi fundamental enquanto suporte das nossas decisões, minha e do meu marido. Para mim a experiência de ter uma Doula, sobretudo bem preparada e conectada conosco foi fundamental para que a minha experiência de gestar de parir tenha sido linda e realizadora”, avalia.
O vereador Camilo Lula lembrou ainda que a medicina baseada em evidências deixa claro que as mulheres negras e pobres são as que mais sofrem com os procedimentos desnecessários. “Nós temos dados que nos mostram que as mulheres das classes mais baixas e da raça negra são as que mais sofrem com as incidências de procedimentos desnecessários e são as vítimas mais numerosas da violência obstétrica, por isso esse projeto de lei visa atender primeiramente essas mulheres”, afirma.