Tribuna Livre da Câmara Municipal de Aracaju recebe presidente do Conselho Municipal da Igualdade Racial
O espaço Tribuna Livre, da Câmara Municipal de Aracaju (CMA), recebeu, nessa terça-feira (18/11), Elisangela dos Santos, presidente do Conselho Municipal da Igualdade Racial de Aracaju. Ela ocupou a tribuna do parlamento aracajuano para debater a questão do racismo e da intolerância religiosa no município.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em Sergipe, o rendimento das pessoas negras, que representa mais de 60% da população do estado, é significativamente menor do que o das pessoas brancas. Em 2022, o rendimento por hora dos trabalhadores brancos era 61,4% maior do que o dos pretos ou pardos. A taxa de desocupação das pessoas negras, em 2023, era de 9,5%. Já a de pessoas brancas era de 3,2%.
"As desigualdades que cercam nosso povo são notórias. O sucateamento das políticas de igualdade racial que vem acontecendo em Aracaju e a falta de fiscalização é de entristecer", declarou a presidente do conselho.
Segundo Elisangela dos Santos, são diversas barreiras que a população enfrenta para se inserir no mercado de trabalho e alcançar postos mais elevados. Ela afirma que o problema passa por um racismo estrutural. Com dados no telão do plenário, ela destacou que apenas 2,3% dos negros tinham ensino superior completo; em comparação , os não negros apresentam o índice de 8,8%. O estudo utilizado ainda revela que, em 2022, a taxa de analfabetismo para pretos e pardos com 15 anos ou mais era de 7,4%, enquanto para brancos era de 3,4%.
"As escolas não produzem materiais específicos para nossas crianças. Uma sociedade que não conhece a sua história está fadada ao esquecimento. E parece que é isso que querem que aconteça com nosso povo: que esqueçam nossa ancestralidade, os nossos antepassados. Mas estou aqui lembrando que nós existimos e cobrando de vocês políticas públicas. Não existem políticas públicas sem recursos", afirmou.
Ela também defendeu ampla liberdade religiosa no município. "Quando eu falo de intolerância religiosa, não é apenas das religiões de matrizes africanas. É de qualquer religião. Segundo a Constituição, todos têm direito ao livre credo. Você pode ter a religião que você quiser, professar a fé que você quiser".