Reparação Histórica: Câmara Municipal de Aracaju realiza entrega de título de cidadania aracajuana a João Goulart e Leonel Brizola
No dia 25 de agosto será realizada Sessão Solene de reparação histórica na Câmara Municipal de Aracaju, com a entrega do título de cidadania em homenagem a duas figuras emblemáticas na luta pela democracia brasileira: o ex-presidente João Belchior Goulart e Leonel de Moura Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
Os títulos de cidadania, originalmente, foram autorizados por meio dos Decretos nº 05, de 24/10/1960, e nº 2, de 19/10/1961. No entanto, ambos foram revogados, em 1964, pela ditadura militar, sob a justificativa de que os agraciados haviam perdido seus direitos políticos. Em 1995, passados 31 anos da revogação dos atos, o então vereador Sergio Bezerra apresentou propositura visando à restituição dos títulos de cidadania. Ainda nesse ano, a Câmara Municipal de Aracaju aprovou as Resoluções nº 26 e nº 37, restituindo a João Goulart e Leonel Brizola a homenagem.
Biografias
Leonel de Moura Brizola
Brizola nasceu em Carazinho, no distrito rural de São Bento, no Noroeste do Rio Grande do Sul. Iniciou sua carreira no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) enquanto ainda estudava Engenharia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Com um grupo de sindicalistas de Porto Alegre, ajudou a formar o primeiro núcleo do PTB em 1945. Em 1947, foi eleito deputado estadual pelo partido. Tornou-se um político em ascensão no estado: em 1954, foi eleito deputado federal, com votação recorde; dois anos depois, elegeu-se prefeito de Porto Alegre; e, em 1958, governador do Rio Grande do Sul.
Em 1962, transferiu seu domicílio eleitoral para a Guanabara, estado pelo qual se elegeu deputado federal. Durante o governo de Goulart, manteve com o presidente uma relação tumultuada, mas voltaram a se unir antes do golpe militar de 1964. Depois que suas propostas de resistência não foram bem-sucedidas, exilou-se no Uruguai.
Em 1982, foi eleito governador do Rio de Janeiro, iniciando um programa de construção dos Centros Integrados de Educação Pública. Na eleição presidencial de 1989, ficou em terceiro lugar, com diferença inferior a 1% em relação ao segundo colocado. Um ano depois, voltou a governar o Rio de Janeiro, sendo eleito no primeiro turno.
João Goulart
João Belchior Marques Goulart nasceu em São Borja, no Rio Grande do Sul, no dia 1º de março de 1919. Em 1947, foi candidato a deputado estadual, sendo o quinto mais votado. Colaborou ativamente para a vitória de Getúlio Vargas na eleição presidencial de 1950. Em seguida, foi eleito deputado federal, tornando-se o segundo mais votado no Rio Grande do Sul.
Em 1955, foi eleito vice-presidente do Brasil na chapa de Juscelino Kubitschek, pela coligação PTB-PSD. Na época, os votos eram separados, e Jango obteve mais votos que Juscelino. Nas eleições de 1960, com o apoio da UDN e de pequenos partidos, formou-se a dobradinha conhecida como “Jan-Jan” (Jânio Quadros e Jango), que saiu vitoriosa. Empossados em janeiro de 1961, assumiram um país marcado por crise econômica, inflação, déficit na balança de pagamentos e crescente dívida externa.
Em março de 1964, João Goulart (Jango) foi deposto por militares após rápida adesão das Forças Armadas ao golpe. Partiu para o exílio no Uruguai no dia 2 de abril, enquanto o Congresso declarava vaga a Presidência. Após o golpe, teve seus direitos políticos cassados por dez anos, por meio do Ato Institucional nº 1 (AI-1).