Redução de número de carroças em Aracaju contribui para a mobilidade urbana

por Danilo Cardoso e Leilane Coelho — publicado 18/01/2018 11h00, última modificação 16/05/2018 08h40
Redução de número de carroças em Aracaju contribui para a mobilidade urbana

Foto: Gilton Rosas

Andar, correr, pedalar ou se deslocar de um ponto para outro utilizando veículo motorizado se tornou algo tão comum nas grandes capitais brasileiras que muitos cidadãos não param para refletir sobre tais atos. Apesar de se apresentar como um ato genérico, a locomoção no Brasil, e como também em Aracaju, virou centro de debate sendo nomeado como “mobilidade urbana” que traz no seu princípio a dificuldade de espaço para tantos meios de locomoção em uma região fazendo com que ideias sejam discutidas para melhorar o acesso e o fluxo na cidade. Até mesmo o desempenho no trabalho ou no estudo é afetado diretamente pela mobilidade urbana, através do tempo que você passa no trânsito.

Um dos Poderes que pode vir a mudar este cenário é a Câmara Municipal de Aracaju (CMA) que possui a função de legislar para os cidadãos e apresentar projetos que possam transformar o cenário da cidade. Falando em fluxo e em trânsito em Aracaju, um dos principais questionamentos dos aracajuanos trata sobre o número de carroças ainda presentes na cidade. Muitas circulam em meio ao trânsito carregadas de resíduos que são despejados em locais inapropriados como ruas, calçadas e até mesmo terrenos baldios.

Para frear o crescimento do número de carroças, melhorar a fluidez do trânsito e consequentemente o despejo irregular de materiais, a Câmara Municipal de Aracaju aprovou uma emenda à Lei 3502/07 acrescentando o inciso XII ao artigo 190, colocando como infracional o ato de transportar resíduos de construção civil e consequentemente proibindo o transporte destes resíduos por veículos de tração animal (VTAs).

A propositura, de autoria da vereadora Kitty Lima (Rede), foi sancionada pelo prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB) no dia 20 de julho de 2017, visando diminuir drasticamente o número de carroças nas ruas de Aracaju e consequentemente melhorando a fluidez do trânsito, já que os VTAs andam muito lentos, sem respeitar as leis de trânsitos, algumas vezes guiados por menores de idade e quase sempre carregados de resíduos de construção civil sujando as vias da cidade com o balanço do trote do cavalo.

Outro grave problema que a Lei irá acabar e contribuir para a melhora da mobilidade urbana é o descarte irregular dos entulhos despejados nas vias públicas, calçadas, canteiros e canais da cidade prejudicando diretamente a vida dos moradores da região, inibindo a circulação dos veículos, bicicletas e pedestres, além da proliferação de ratos, baratas e doenças. No período chuvoso, os entulhos entopem as tubulações pluviais e de esgoto provocando alagamento nas ruas e avenidas.

De acordo com autora da propositura, este é apenas o primeiro passo para a erradicação das carroças nas ruas de Aracaju. “Neste ano irei apresentar outro Projeto de Lei que cria o programa de Redução Gradativa do número de veículos de tração animal e veículos de propulsão humana. Este nova iniciativa visa qualificar os carroceiros através de cursos e caso seja necessário, alfabetiza-los, para que estes pais de famílias não fiquem desempregados quando a Lei for aprovada”, destacou Kitty Lima.

A parlamentar revelou que vem dialogando diretamente com a categoria para juntos encontrarem uma solução. “Até o momento os carroceiros não estão organizados, não existe nenhuma associação que representa a categoria, mas estamos correndo atrás de tudo para que nenhum pai de família perca seu sustento. Aracaju é a única Capital brasileira que ainda usa esta maneira medieval de transporte e para acabar com isso a Lei dará um prazo de seis anos para erradicar”, finalizou Kitty Lima. Outro ponto abordado são as condições dos animais que muitas das vezes se alimentam apenas de capim, não bebem a quantidade de água necessária e ainda transportam peso acima de suas capacidades.

Para o superintendente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp), Alberto Almeida, esse tipo de PL favorece na construção da mobilidade urbana em Aracaju. “Esse é um tipo de veículo que além de possuir a velocidade reduzida também conta com o comando de parada falho, pois o animal pode não obedecer ao comando do condutor. Este PL se preocupa não só com a diminuição de carroças no trânsito, mas com o animal, com os condutores de carroça e com as pessoas que dividem a pista com eles”, afirmou.<br />Para o diretor de trânsito da SMTT, Thiago Alcântara, a proposta de Lei da vereadora Kitty Lima para erradicar gradativamente as carroças foi elaborada de maneira correta. “A lei prevê uma inspeção do animal, prevê também o cadastramento do condutor e da carroça, o que facilita o processo. Além disso, através desse cadastramento estes veículos estarão sinalizados. Com o projeto, áreas que tem grande quantidade de carroças nas ruas como o Santa Maria, Santos Dumont, Bugio e outros terão seu fluxo melhorado”.

 Porque discutir mobilidade é importante?

A discussão da mobilidade urbana nos grandes centros do Brasil vai além do conceito de tornar o trânsito fluído e facilitar a locomoção dos cidadãos, nas suas entrelinhas podemos entender a necessidade se discutir este assunto. Por exemplo, com o crescimento exacerbado de Aracaju, é comum que as pessoas passem a residir nas chamadas zonas de expansão. Se não houvesse a integração de terminais de ônibus e linhas de ônibus, seria inviável e demorado para que trabalhadores pudessem se deslocar da sua zona residencial para o trabalho.

Sobre o assunto, o presidente do Setransp falou que a mobilidade mudou a vida das pessoas. “Antigamente era impossível uma pessoa que mora em Socorro trabalhar em Aracaju ou vice-versa, por conta do tempo que se levava para chegar, por conta das passagens. Com a massificação e a implantação da mobilidade, isso se tornou possível. Por isso, é importante entender que a mobilidade urbana rege a nossa vida, os nossos relacionamentos pessoais, o nosso trabalho, o nosso estudo”, disse.