Presidente da CMA lamenta a precariedade do transporte público em Aracaju

por Maria Isabel Chaves, da Agência Câmara de Aracaju — publicado 18/04/2024 12h54, última modificação 18/04/2024 12h54
Mesmo com liberação do subsídio para as empresas, em novembro de 2023, vereadores continuam recebendo reclamações
Presidente da CMA lamenta a precariedade do transporte público em Aracaju

Foto: Gilton Rosas

Na manhã desta quinta-feira, 18, o presidente da Câmara Municipal de Aracaju (CMA), vereador Ricardo Vasconcelos (PSD), usou o Grande Expediente para expressar sua indignação com a situação do transporte público em Aracaju. 

“O cerne da questão é: o que a gente proporcionou para a cidade de Aracaju com o subsídio que aprovamos para as empresas de ônibus? A gestão fez sua parte, a Câmara de Vereadores também. Não tem um lugar nessa cidade que eu não encontre alguém que seja empregado de uma empresa de ônibus e reclame que continua com seu salário, férias e 13º atrasados. Talvez a gente precise repensar se o Tesouro Municipal terá que continuar subsidiando esse sistema carcomido que está aí”, disse o parlamentar. 

Ainda na fala dele, o presidente da Casa Legislativa chamou atenção para a situação dos ônibus. “O que nós temos são ônibus com buraco no assoalho, com IPVA atrasado e a SMTT apreendendo, ônibus que nem conseguem subir um viaduto”, falou. 

“O povo está pagando a passagem e as empresas não estão cumprindo com seu papel que é garantir um transporte público de qualidade. Desse jeito que vai, eu vou começar a votar contra o subsídio. Não sei qual é o planejamento da Prefeitura de Aracaju, mas nós fizemos nossa parte; estendemos nossas mãos para salvar o setor. Mas o que estou vendo é que estamos jogando dinheiro no lixo, pois não melhorou nada. Estamos atentos. Vocês não cumpriram com o que prometeram e nós não vamos mais pagar de desentendido”, enfatizou  Ricardo Vasconcelos. 

Contexto

Em novembro de 2023, a Câmara de Vereadores aprovou o Projeto de Lei Nº 415/2023, que autorizou, provisoriamente, a concessão de subsídio tarifário nos serviços públicos de transporte coletivo urbano de passageiros de Aracaju. O valor estimado foi de R$ 24 milhões. 

A finalidade do subsídio foi que o poder público pudesse complementar os custos do transporte público, por meio de recursos. A validade da concessão foi de outubro de 2023 a dezembro de 2024, tendo efeitos retroativos. Somente os vereadores Sonia Meire (PSOL) e Camilo Daniel (PT) votaram contra o projeto em 2ª discussão.

Apartes

O vereador Eduardo Lima (Republicanos) pediu um aparte para reforçar a problemática. “Infelizmente, essa é uma realidade de sofrimento em Aracaju. A Prefeitura de São Paulo fez uma intervenção no transporte público municipal devido a interferências externas que houve no sistema. Aracaju vem vivendo esse caos. Passageiros entram no ônibus com medo, por conta da falta de manutenção. É cadeira que cai, parafuso que solta, vidro que quebra, transporte que no meio do trajeto para. Alguns vereadores, às vezes, não criticam porque não pegam ônibus; não sabem como é essa realidade. Mas a maioria da população que pega ônibus é a população da periferia, vulnerável. E essa Casa tem responsabilidade nisso. E o que vemos é uma inércia da SMTT em relação ao cuidado com isso”, reforçou. 

Outro aparte foi concedido ao vereador Elber Batalha (PSB). “Aprovamos o subsídio com o compromisso de que ele servia para que a passagem não fosse aumentada e que, a partir de janeiro, houvesse a melhoria da frota de ônibus. A Prefeitura aportaria 20 novos ônibus no sistema e cada empresa que recebesse o subsídio colocaria mais 20 ônibus. Nesse contexto, cabe à política pública da SMTT cobrar. Isso é resultado de uma postergação durante mais de 20 anos da licitação do transporte público”, disse. 

Na época da votação do subsídio, a vereadora Professora Sonia Meire (PSOL) votou contra a proposta. “Nós já sabíamos que isso ia acontecer. Trouxemos dados e estudos na época. Não há condição de manter transporte público de qualidade colocando dinheiro nas mãos dos empresários que só retiram dignidade e direito dos trabalhadores”, explicou.