Para Iran, professores devem se insurgir e resistir à onda fascista que cresce nas escolas

por George Washington, Assessoria de Imprensa do parlamentar — publicado 14/11/2018 12h02, última modificação 14/11/2018 12h02
Para Iran, professores devem se insurgir e resistir à onda fascista que cresce nas escolas

Foto: Gilton Rosas

Na luta contra a proposta de “Escola Sem Partido”, que novamente volta a tomar corpo com a eleição do extremista de direita Jair Bolsonaro (PSL) para presidente, o vereador e professor Iran Barbosa, do PT, participou, na tarde da terça-feira, 13, do debate realizado no auditório do Sindicato dos Profissionais do Ensino do Município de Aracaju (Sindipema) sobre a “Lei da Mordaça”, como está sendo chamada a proposta. Para fomentar a discussão, foi exibido o filme alemão "A Onda" (Die Welle), de 2008, baseado em fatos reais.


O filme se passa em uma escola da Alemanha, onde um professor desenvolve um projeto sobre autocracia, mesmo sendo contra sua vontade, e que, para exemplificar melhor aos alunos os mecanismos de um regime autocrático, decide desencadear uma experiência fascista dentro da sala de aula. Os alunos são envolvidos pelo projeto, dão o nome de A Onda ao movimento, escolhem um uniforme e até mesmo uma saudação. Só que o professor acaba perdendo o controle da situação, e os alunos começam a propagar A Onda pela cidade, tornando o projeto da escola um movimento real que acaba por provar que, apesar dos trágicos legados históricos, propostas fascistas ainda seduzem e podem prosperar na atualidade.

“Diante da realidade que estamos vivendo, onde o fascismo avança em nosso país e, de forma preocupante, dentro das nossas escolas, esse filme nos ajuda a refletir e a compreender melhor o perigo que representa toda e qualquer proposta de cerceamento das liberdades individuais e, no caso dos professores, da nossa autonomia pedagógica, ameaçada com essa proposta esdrúxula de mordaça. Temos que nos insurgir contra ela e resistir”, avaliou Iran.

O parlamentar e professor aproveitou para relatar casos que vêm ocorrendo em escolas da rede pública, onde alunos, instigados por essa onda fascista, vêm intimidando e acusando professores de doutrinação em suas aulas, ao tratar de temas curriculares, como comunismo, fascismo e ditadura, elementos impossíveis de serem dissociados de qualquer análise histórica responsável.

“Estamos vivendo um momento muito difícil, onde o que estão tentando fazer é destruir algo que, para nós, educadores e alunos, é muito caro: o pacto de respeito e confiança que deve existir entre esses sujeitos do processo pedagógico. Quando professores passam a ser intimidados, filmados e ameaçados com sindicância por exercer o seu ofício, esse pacto se quebra e essa relação, que deve ser sempre respeitosa, fica esgarçada. Fica extremamente difícil ensinar num ambiente de desconfiança”, acredita.

Iran também relatou uma notícia que dá conta de que a filha de uma professora, cuja identidade de gênero é masculina, vem sofrendo, na escola em que estuda, ameaças, avisando-a que, a partir de janeiro, com a posse de Bolsonaro, “ela deverá voltar para o armário”. “Esse tipo de ameaça nós temos que lamentar e repudiar”, disse o parlamentar.