Américo de Deus critica reforma da previdência e diz que mudanças irão beneficiar investidores

por Eduardo Andrade e Danilo Cardoso — publicado 10/04/2019 13h18, última modificação 10/04/2019 13h18
Américo de Deus critica reforma da previdência e diz que mudanças irão beneficiar investidores

Foto: Gilton Rosas

O vereador Américo de Deus (REDE) fez uso da Tribuna durante o Grande Expediente na 20ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Aracaju (CMA), na manhã desta quarta-feira, 10. O parlamentar focou a maior parte do seu discurso na proposta da Reforma da Previdência feita pelo Governo Federal.

Américo deixou claro que é a favor de uma reforma, mas que algumas mudanças precisam ser feitas no projeto, em especial a respeito do regime de capitalização. Segundo ele, as promessas de que mais empregos serão gerados são falsas, e a aposentadoria da população será prejudicada. Além disso, ele afirmou que os grandes investidores serão os beneficiados com as mudanças e leu uma carta de uma moradora do Chile criticando a reforma que aconteceu no país (a reforma chilena é usada como exemplo pelo governo brasileiro).

“Eu sou a favor da reforma da previdência, porque alguns pontos precisam ser mudados. Mas sou contra algumas questões, como a da idade mínima para as mulheres, a situação os pensionistas e o regime de capitalização que querem implantar, conhecido como CD (contribuição definida). Há um discurso de que esse processo irá gerar emprego, mas não irá. A pessoa tem que fazer a sua poupança, e o que ela poupou será sua aposentadoria. Como vou fazer uma poupança se você não me dá oportunidade de emprego? E se eu conseguir empregos durante a vida e chegar, por exemplo, a uma poupança de R$ 20.000, minha aposentadoria vai ser nesse valor. E quando acabar? Desde o governo passado, não há oportunidade para que as pessoas tenham emprego. A bolsa de valores sobe e desce com a previdência, porque os grandes investidores estão de olhos no regime de capitalização pois irão enriquecer mais. Falaram da reforma que aconteceu no Chile, mas o Chile está tendo problemas neste modelo”, afirmou.

Américo continuou pontuando que uma reforma como a que está sendo proposta pode prejudicar as pessoas a longo prazo, pediu foco na geração de empregos, e lembrou que os parlamentares, como defensores do povo, devem se posicionar sobre esta situação.

“Este é um dos pontos que devem ser discutidos. Sou a favor da reforma, mas estas questões precisam ser debatidas, pois daqui a alguns anos podem prejudicar as aposentadorias. Precisamos abrir os olhos, e temos que dar nossa opinião como representantes do povo para alertar mais sobre a reforma. Vamos discutir a geração de emprego neste país, o que fazer para dar emprego ao povo. Isso sim é prioridade. A reforma tem que ser debatida, mas as pessoas estão passando fome, sem esperança, e em Sergipe estamos com nosso maior índice de desempregados”, disse ele.

Encerrando, Américo de Deus mostrou solidariedade com a situação do Dr. Almir Santana. Ele leu a nota de repúdio enviada pela Sociedade Médica de Sergipe (Somese) afirmando que o médico, que há mais de 30 anos trabalha com o combate a DSTs, há seis meses não recebe salários do município: “Ele é uma pessoa que tem um grande trabalho em Aracaju, deve ser enaltecido e valorizado. Prefeito Edvaldo Nogueira, reveja esta atuação. Almir e a população não merecem este tratamento”.

Aparte

Alguns outros vereadores se posicionaram a favor do discurso sobre a previdência. Isac Silveira (PCdoB) parabenizou a fala de Américo e criticou o Governo Federal. “Para mim é uma satisfação ver a compreensão do momento. Há um movimento da grande mídia para esconder as mazelas que estão sendo propostas. Hoje completam-se 100 dias de governo Bolsonaro e estou na espera da base aliada dele aqui explicar as medidas tomadas que em algum momento vão de encontro ao anseio dos trabalhadores. Nenhum projeto que traga emprego e renda, com a defesa do cidadão. Presidente Bolsonaro, tenha vergonha! Cumpra suas palavras!”, disse com veemência.

Jason Neto (PDT) endossou as palavras e lembrou que a reforma, na opinião dele, não atinge os mais ricos. “Seu discurso é de grande importância para o nosso país. Você foi muito feliz quando falou da cobrança de nossos parlamentares. Não se deve tirar direitos dos trabalhadores, e esta reforma não atinge as classes mais altas”, declarou.

O vereador Lucas Aribé (PSB) pontuou também a necessidade de discussão da Reforma Tributária, que está em segundo plano: “A reforma tributária é muito mais necessária do que essa. Querem fazer tudo de forma lamentável”.

Por fim, Camilo Lula (PT) afirmou que soma seus esforços à luta e que o real objetivo da reforma é privatizar a Previdência Social. “Me somo a esta luta desde que entrei aqui. É importante que o povo saiba que o que está em jogo é um processo de privatização da seguridade social. Querem privatizar tudo, e o objetivo disso é fazer com que os bancos ganhem mais dinheiro. Não se trata de uma nova reforma, mas de destruição dos direitos do povo”, disse ele.